sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Eu e Minhas Contradições.


Isso é uma coletânea de coisas que eu penso que eu postei no twitter nos últimos tempos, inclusive o Título. Acrescentei algumas coisas e adaptei outras, espero que gostem, mas não precisam gostar. O mundo, as pessoas que eu sigo no twitter, as que eu sou amigo no orkut ou na vida real, meus parentes, meus colegas meus inimigos também, são todos vocês que de alguma forma eu me relaciono que influenciam na minha vida no meu pensamento e é por vocês que eu exteriorizo, que eu socializo um pouco de mim. Valeu à todos. O blog vai tirar férias e eu vou viajar. Escreverei só por necessidade.

Eu não gosto dessas "datas comemorativas", então desculpa por não dar felicidades e feliz blá, blá, blá pra vocês, meus amigos. Mas eu quero muito que as pessoas que eu gosto, meus amigos sejam felizes, não preciso ficar falando isso por obrigação de uma data.

Novela com o Ronaldinho Gaúcho pra ele ir, novela pra ele voltar. Será que não querem ele no PSG?

Torcedor de futebol só se encomoda.

"Quando alguém te ama, isso não é bom, a menos que te ame o caminho todo." (Richard Hell)

“Ateu que comemorou o Natal? Que falta de educação ir a uma festa de aniversário para qual não foi convidado...” (@OCriador)

22 anos, cabeça de 30 e espírito de 17. É como eu me sinto, não sei se é assim que as pessoas me veem.

Uruguaiana também merecia ter um movimento estudantil de qualidade.

O PSOL é me fez continuar acreditando nas utopias de um mundo melhor.

Pessoas que só se divertem com álcool ou outra droga na cabeça poderiam repensar o conceito de diversão. XXX

Os paulistas votaram em Tiririca como uma forma de protesto? Talvez tenham votado em José Serra pelo mesmo motivo.

Quantos anos um presidente fica no cargo no Brasil? Atualmente 8 anos. Agradeçam a FHC. (É o medo do novo)

O PSOL se posicionou contra o aumento abusivo dos parlamentares. Não votou em deputados do PSOL? Você é culpado.(@clhornstein)

Drogado da classe média dizendo q direitos humanos é pra bandido. É fácil ignorar os DH camuflado em 1 status quo superior.

Na ditadura Chico Buarque fazia música chata que ninguém entendia o que representava. O que ele faz hoje? A mesma coisa. MPB é música chata. Acho uma tremenda incoerência e injustiça falar mal de Restart e outras bandas do POP atual e vangloriar a MPB.

Revolução dos Bichos (George Orwell) . Uma das melhores coisas que já li de literatura, junto com Frankenstein (Mary Shelley).  

Rei Roberto? Pra mim rei é o Raul Seixas.

Estou cada dia mais fã do Dance Of Days e do Nenê Altro. Melhor coisa do rock nacional atual, tanto musicalmente quanto filosoficamente.

Paper Five, banda de Uruguaiana, dos meus amigos Bruno Couto, Vini Orelha  e dos super gente fina Léo e Gui, ganha o prêmio de Melhor Som Original do Rock Show (de Santos-SP).

Esse ano aconteceu bastante coisa importante na minha vida. Tomara que no ano que vem as coisas se ajeitem.

"Vem dar valor ao que é bom nessa vida,que é tolice viver por viver e já é dia de deixar pra trás a dor e o "tanto faz". É cedo ainda." (Dance Of Days)

Tudo nunca é o bastante.

"Os preconceitos são a razão dos imbecis." (Voltaire 1694-1778)

"Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la." (Voltaire, 1694-1778)

"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas." (Nietzsche, 1884-1900)

Nunca exija de alguém algo que você nunca foi capaz de mostrar que pode fazer.

Twitter, use com moderação ou será um grande chato. Para conversas longas e privadas usem o DM (no próprio Twitter) ou o MSN mesmo.

É muita informação na minha mente. Às vezes isso atrapalha.
 
Hoje é o último 31 de dezembro do ano ^^. Então vou fazer o que todo mundo vai fazer hoje ¬¬. Só que sem drogas. XXX

@koalhada

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Novas Escolhas


O que me irrita profundamente são pessoas fazendo faculdade ou curso técnico de algo que não gostam, e que visivelmente não se dedicam. Pessoas fazendo tal curso por que é o que dará mais dinheiro no futuro, ou o curso que é mais barato de pagar, ou apenas fazendo para ter um diploma.

Afinal, quanto custa um sonho? Essa pergunta é clichê, este texto é clichê, mas ignorar a própria vontade, os próprios desejos por outras questões menores? Penso que isso é muito triste.

Vejo também algumas pessoas fazendo tal ou qual faculdade por incentivo/influência/pressão de terceiros, dos pais e do próprio contexto/sistema. Cara, ninguém vai trabalhar por vocês no futuro, ninguém vai te ajudar quando você for um profissional frustrado, você vai ter que tirar forças de dentro e com certeza quem mais te ajudará serão as pessoas que nunca pisaram nos teus sonhos.

Um exemplo, para deixar tudo mais claro, são pessoas que odeiam outras pessoas, que odeiam o mundo que o “outro” construiu/destruiu, pessoas que não desejam a vida de outras pessoas, enfim, pessoas assim fazendo algum curso na área de saúde/medicina. Confiaremos nesse profissional? Eu é que não. Seria mais certo se pessoas assim seguissem o próprio desejo, que fizessem um curso de veterinária, de informática, sei lá, mas que não buscassem algo que não querem, ou seja, a vida de outro ser humano, pois as consequências seriam o dano físico/mentais dos outros e/ou danos físicos/mentais de si próprio. Para ficar claro que este é um único exemplo de muitos.

Poderia falar da minha área que é história/educação. Ao longo da minha graduação eu vi muitos futuros colegas ignorarem os princípios básicos da educação, e isso poderá levar a mais professores ignorantes atuando na escola, como muitos que há por aí. E por quê? Por que não era isso que eles queriam, não era essa a vontade deles... É apenas outro exemplo.

Esse texto é mais para lembrar você que estará decidindo, escolhendo seu curso, sua faculdade, que estará escolhendo como será seu futuro este ano, neste momento de sua vida. Isso é manjado sim, mas não seja mais um infeliz nesse mundo. Não faça os outros infelizes.

OBS: Esse ano me formei em história, e mesmo estando por enquanto desempregado, foi a melhor escolha da minha vida, eu quis, eu decidi, eu sou muito feliz com isso.

@koalhada

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Decoys, Não Tema!

Dezembro, clima de natal, mas vou escrever algo que pra mim e muitos amigos meus é muito mais importante, a banda Decoys, que surgiu a mais ou menos 5 anos. O primeiro ensaio com todos os primeiros Decoys foi no dia 17/12/2005 no estúdio Sol Maior (Carmão), e o primeiro show foi no começo de janeiro de 2006, no Casarão da XV.

Um pouco da história para ficar mais claro. Tudo começou em um fim de tarde no começo de novembro de 2005, quando o Cko veio aqui na minha casa e disse que queria montar uma banda comigo e a namorada dele que tivesse tudo de bom e punk que tinha nossas bandas anteriores. Até então nunca tínhamos tocado juntos. Ficamos desde então planejando a banda, procurando nome (que retiramos de um filme B de terror, horrível por sinal), procurando outros integrantes, escolhendo o repertório e criando músicas próprias.

Enfim, convidamos o Allan para tocar guitarra junto com o Cko, a Cris na batera e eu no baixo. A principal dificuldade foi o vocalista, mas o universo deu uma mãozinha. Antes de um ensaio (17/12/2005) fui na casa do Neandro e convidei ele para olhar o ensaio, e lá ele acabou cantando umas músicas, pois sabia quase todas, e estava formada a Decoys, uma banda punk, o sonho não havia morrido.

Depois que saí da banda, lá por março, abril de 2006, fui perdendo um pouco das histórias e das datas da banda, mas sempre tive por perto, tanto que até hoje uso o Decoy como “sobrepseudônimo”. Mas posso dizer que com o Felipe, e depois o Petry principalmente, contribuiram muito para a formação da cara e identidate a forte para a banda.

Essa história de “família banda tal” hoje parece manjado e até chato. Na época, um dos motivos para a escolha do nome foi usá-lo como unidade dos membros, bem imitando os Ramones. Mas a amizade foi tão foda que eu prefiro chamar esses caras de irmãos do que muitos dos meus parentes de verdade, e incluo nos Decoys todos que entraram na banda depois e todos que estavam comprando briga com a gente: Petry, Gordinho, Fran, Felipe, Bú, Buzinho, Espanador, Eduardo, Keké, e me desculpa se esqueci de alguém, faz muito tempo e minha memória já não é a mesma. Sabe aquela amizade verdadeira que os caras te deixam mal por serem sinceros? Sabe aquelas brigas de irmãos que no outro dia já está todo bem? Bom, isso é até hoje de certa forma. Talvez nem família não é, mas amigos que querem as mesmas coisas.

Aquela ideia inicial era de manter vivo o punk na cidade, e a Decoys hoje é sem dúvida uma lenda, de tantas que já passaram por Uruguaiana, quem sabe a última lenda e me orgulho disso, pena que crescemos, hoje o Cko e a Cris moram em Caxias e trabalham por lá, eu sou um professor desempregado (por enquanto), o Neandro faz jornalismo em São Borja, o Petry é cabo do Exército, mas a pior e irreparável perda foi a morte do Allan que me dói muito até hoje...

Ainda vivemos como punks, ainda temos aquelas revoltas dos primeiros dias de ensaio, aquele sentimento que as coisas por aí estão erradas. Ainda somos uma bando de chinelão fora da ordem estabelecida.

Eu não acredito que a Decoys tenha acabado, prova disso é que no começo do ano a última formação se reuniu e fez uns ensaios que tinham bastante gente assistindo, e um show muito foda na S.B.U, como nenhuma banda fazia a muito tempo na cidade. A decoys sempre é uma atração à parte. Quem não conhece acha que somos maus, mas é apenas uma defesa que temos que ter, mas no fundo somos éticos e camaradas como poucos. Fique perto e duvido que não se divirta, que não ache interessante esses atormentados.

@koalhada

domingo, 19 de dezembro de 2010

Introdução ao Futebol Falido

Futebol: Paixão nacional. Frase manjada não? Que paixão é essa... Sim, este é um texto sobre futebol, não como uma paixão nacional, mas como uma razão falida.

Antes gostaria de esclarecer: Eu gosto e muito de futebol, sou torcedor gremista e acompanho sempre que dá a seleção brasileira e os times gaúcho por aí à fora. O fato de eu ser gremista às vezes é contraditório, quando eu torço pelo Internacional ou quando eu evito fazer e bater palmas para certas brincadeiras de mau gosto com os adversários. E na verdade é sobre isto que eu gostaria de falar. Até que ponto futebol é diversão?

Futebol para mim é diversão, mas para muita gente não é, e para outros, futebol nem mesmo deveria ser discutido. TUDO pode ser discutido com pessoas que sabem discutir. Se você é um idiota e não têm argumentos sadios não discuta mesmo.

Até que ponto o futebol é diversão? Se você não sabe discutir sadiamente e mesmo assim discute, deixa de ser diversão. Se um jogador abandona um time por grana, deixa de ser diversão. Se você é uma pessoa preconceituosa e leva isso para a torcida, deixa de ser diversão. Várias coisas idiotas fazem com que o futebol deixe de ser uma diversão.

Vamos lembrar também que no futebol moderno a política[gem] faz parte. E isso também não é legal, mas muito necessário, ou a coisa estaria muito pior, pode ter certeza. (Meninos seriam muito mais explorados e mais vidas acabariam por causa de um sonho.)

A coisa mais legal do futebol é a flauta, é a parte mais criativa e, portanto, mais divertida. Mas as brincadeiras têm que ter um limite. Por exemplo, o limite físico e psicológico. Não se brinca jogando pedras ou ofendendo a mãe. Também há o limite social.  Brincadeiras com negros, pobres gays e outros poderiam e deveriam ser evitadas. Admiro quem saiba ser criativo sem ofender. Eu não sou ninguém para dar limites a ninguém, todos deveriam saber seus limites, e acredito que a ética deveria ajudar muito nisso, empatia, entendem?(Não fazer para os outros aquilo prejudicaria você, tanto psicologicamente, fisicamente e socialmente, entre outros.)

Bom, tem muitas coisas que fazem o futebol perder o sentido, e é só olhar e pensar um pouco. Eu queria escrever melhor sobre isso, mas hoje não está um dia legal para escrever, então considerem isso como uma introdução ao futebol falido, aliás, esse é um bom título, vou usá-lo. 

@koalhada

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões VI: TRÊS em UM


Vou encerrar minha série de escritos sobre as viagens à capital do Rio grande do Sul, pois acredito que já tenha recuperado o tempo ausente do blog e também por que tenho mais assuntos para escrever. Então, esse texto terá três temas principais e, se tudo der certo, sexta voltamos à normalidade, com um ou dois textos semanais.

O primeiro tema é sobre os livros. Nesta ultima vez que fui para Porto Alegre em Uruguaiana ocorreu a feira do livro, uma ótima oportunidade para quem gosta de ler e de obter conhecimento, pois aqui nessa cidade há somente UMA livraria (que vende livros).

Desde que me conheço por gente apenas uma vez, e por um curto espaço de tempo, houve mais de uma livraria aqui. Ou seja, têm um monopólio cultural na cidade, onde as pessoas já não são muito de comprar livros, ainda mais quando há apenas uma loja que pode colocar o preço que quiser, nos livros que quiser vender, pois não há concorrência.

Isso é um absurdo e vou ter que fazer a comparação com a capital novamente. Enquanto aqui a feira do livro dava essa oportunidade de escolha em apenas alguns dias, em Porto Alegre há várias livrarias e dou destaque para os sebos (livrarias que vendem livros usados). Há uma infinidade de títulos a baixíssimo custo, novos e usados, e eu, em um dia normal, pude adquirir livros muito bons e a preço camarada. Quando forem a Porto Alegre aproveitem e visitem as ruas: Riachuelo e, principalmente, General Câmara, ambas no centro da cidade.

Ainda uma observação: não se deixem levar pela aparência das livrarias, entrem em todas, procurem o livro que querem, pesquisem o menor preço, isso é fácil, visto que nessas ruas citadas todas as livrarias estão perto uma das outras.

Mas nem tudo são flores na capital como já escrevi em “Poluição” o texto V dessa série. Entramos então no segundo tema, a falta de boa educação das pessoas da metrópole, mas em especial da cidade de Canoas.

Para quem acha que as pessoas aqui da fronteira oeste são má educadas tem que ver as de lá. Você esbarrou em alguém? Nem peça desculpa ou poderá ser xingado. Deixou seu carrinho do supermercado em algum lugar para pesar as frutas? Quando voltar ele não vai estar lá, pois estava atrapalhando alguém que se sentiu prejudicado e simplesmente o empurra. Aquelas palavrinhas mágicas que nos ensinam no jardim, na pré-escola estão meio esquecidas por lá.

Acredito que isto se deve pela mentalidade de capital/capitalista que eu já escrevi rapidamente nesse blog. Ou seja, lá as pessoas geralmente se preocupam consigo mesmas, e eu não penso que isso seja uma coisa boa. Lá poucos se importam, poucos conhecem seus próprios vizinhos. Eles têm que trabalhar e olhar apenas para o próprio umbigo, como se só existisse eles no mundo.

O terceiro tema e final tem relação com o partido que eu sou filiado, o PSOL. Aqui no Rio Grande do Sul tivemos uma derrota nas últimas eleições, mas não baixamos a cabeça, pois sabemos que a militância desse partido é necessária.

O pior é que, como o governador eleito foi Tarso Genro, do PT, e com isso haverá a possibilidade da Luciana Genro, principal nome do partido no estado, não concorrer nas próximas eleições. Mas todos sabemos que Luciana é muito independente politicamente de seu pai, sendo que sua vida pública mostra isso, pois ela foi expulsa do PT e é ferrenha opositora das políticas de Lula/Dilma, enquanto Tarso é um dos nomes forte de Lula/PT.

Com essa possibilidade em vista, começamos uma nova luta: pela elegibilidade de Luciana Genro nas próximas eleições. E eu estive presente no Ato inicial com minha noiva Nanda Zarzicki, já que estava em Porto Alegre.

No Ato dei uma de tiete e tirei fotos com Roberto Robaina, Luciana Genro e com o Thedy Corrêa (vocalista da banda Nenhum de Nós e filiado ao PSOL também). Ainda estavam lá todas as grandes lideranças do partido, movimentos sociais e juvenis. Me senti muito a vontade com tantas pessoas pensando como eu.

No mesmo dia que escrevo esse texto foi aprovado o aumento salarial dos deputados em 61,8% e TODOS os deputados do PSOL votaram contra esse aumento, inclusive a Luciana Genro. Por isso (e por muito mais) está óbvio que ela é uma política necessária e que não pode ser impedida de concorrer ao pleito em 2012. Temos poucos políticos bons nesse país e me orgulho de que a maioria faça parte do mesmo partido que o meu (sem falsa modéstia). Não podemos impedir que os bons políticos como a Luciana sejam impedidos de disputar eleições, ou pior que está vai ficar.

Quem conhece parte da história da Luciana Genro peço que ajudem assinando o baixo assinado para que ela possa ser mais uma vez a nossa voz, a voz do povão que quer justiça, que quer menos desigualdades.

@koalhada

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões V: Poluição


Porto Alegre, cidade grande, região metropolitana, capital, capitalista. Umas das coisas que me chama mais a atenção quando chego nessa cidade é o cheiro, o ar pesado, na verdade, o fedor. Fedor de borracha queimada, de esgoto, de merda, poluição.

A poluição é evidente em Porto Alegre, e não apenas a poluição ambiental, que é critica nessa salva de pedra e não é difícil de dar exemplo disso, mas há também a poluição sonora, com aviões, carros, motos e etc., que do mesmo modo não são difíceis de exemplificar.

Porém, o que mais marca é a poluição visual, e não falo das pixações, falo sim das grandes desigualdades que se concretizam em nosso olhar. Não é difícil ver pessoas, seres humanos como nós, estarem dormindo ao lado de um banco multinacional. Vemos também com facilidade pessoas morando em baixo da ponte. Sim, isso existe ainda e no mesmo rio turistas passeiam em seus navios.

Até quando isso vai acontecer? E não me venham falar que estas pessoas que vivem nestas condições de vida estão assim por que são vagabundos por que elas não são. Eles têm profissões como pedreiros, vendedores ambulantes, e catadores (de papel, lata, vidro, etc.) e em certos casos trabalham mais de 12 horas por dia. Ou seja, trabalham o dobro do permitido por lei e vivem em uma miséria. Justo? Vagabundos? Creio que não né!?

De todas as coisas que acontecem pela capital o que fica é isto. Esse pensamento de capital, de capitalista. Pessoas se acomodam em sua situação acreditando que o fracasso é fruto de sua própria sorte. Claro que em muitos lugares esse pensamento é o mesmo, mas fica mais explícito, e com imagens que marcam mesmo, nas grandes cidades.

A culpa dessa sujeira, dessa poluição visual não é de um, não é sua, na é minha. É uma culpa nossa, coletiva, da sociedade que construímos juntos, mas que do mesmo jeito podemos questiona-la, criticá-la e supera-la, levando-a à um patamar realmente mais humanonão perfeito, apenas humano.

@koalhada

domingo, 12 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões IV: Domingo

Esse é o texto de domingo então, dessa série da viagem à capital do rio Grande do Sul.

Domingo geralmente é o dia que saímos com os amigos para aproveitar o dia de folga, fazer algo diferente do habitual certo? Sim, mas não em Uruguaiana.

Raramente, na minha cidade querida, há algo diferente do que ir à Praça do Barão e ficar dando voltas, curtindo a brincadeira das crianças e moléstia dos idosos. Aqui o jovem não tem vez, e quando tem, a divulgação é pouca e sem muitos recursos.

Ontem (sábado) fui com alguns amigos (Kennia, Gordinho Cristian, Felipe Estranho e Gustavo) em um bar novo em um lugar clássico (o primeiro Casarão de Rock na Rua Duque de Caxias, lá pelos idos de 2003). O nome do bar é Porto Alegre, e tudo é bastante caro em relação à chinelagem que é tem que ser o rock n’ roll, na minha opinião, é claro. Mas a banda, também de Porto Alegre (Cigarros Elétricos) era, como dize o vocalista, bastante conceitual. Alegre e esquisita.

Lá discutimos saudavelmente sobre como Uruguaiana é, digamos, atrasada, e eu fui um pouco repreendido pelas minhas opiniões. É que esses dias em Porto Alegre me fez ver Uruguaiana de longe, e ver esse atraso. Aqui pagamos caro pra ver bandas meia boca que geralmente tocam cover; detalhe, lá nesse bar a banda estava tocando músicas de autoria própria e o público não parava de pedir para eles tocarem músicas famosas.

Já em Porto Alegre, podemos estar caminhando no centro e ficar sabendo que há show de graça das maiores bandas de rock do estado, e de graça. Podemos estar passeando pela Praça da Redenção e escutar um som bom e chegar perto e ver um dos melhores shows de rock mainstream do Brasil (Nando Reis. Show muito bom mesmo).

Claro que as condições das duas cidades são bem diferentes e eu realmente detesto falar mal da minha cidade, e acredito que eu não esteja falando mal, mas fazendo críticas que possam ser construtivas. Entretanto a principal questão, no meu ponto de vista, é que lá eles valorizam a criatividade. São raras bandas que não tem maioria de músicas de autoria própria no seu repertório, isso em toda a região de lá.

E o que é tudo isso? É diversão, é lazer, são coisas para os jovens. Foram apenas alguns exemplos que eu citei, mas há realmente opções de “o que fazer” em Porto Alegre, enquanto que Uruguaiana está cada vez mais pacata, cada vez mais distante culturalmente das outras cidades. A fronteira oeste está virando o velho oeste.

@koalhada

sábado, 11 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões III: BR-290

A BR-290 é a estrada que liga Uruguaiana à Porto Alegre e que depois continua com o nome de Free Way, já com auto-pista. É o caminho que mais tenho andado ultimamente. 

É uma vergonha suas paisagens, como já mostrei em “Natureza Espremida”. Mas a estrutura física também deixa a desejar, principalmente na parte onde há pedágios, ou seja, aonde o governo deu licença para uma empresa privada "cuidar".
                                                  
Quer dizer, pagamos impostos pra caralho para o governo manter nossas estradas e eles as entregam para empresários que cobram mais uma grana absurda para manter o caminho bom e ainda é uma porcaria o serviço prestado.

Na verdade, últimos tempos até que o governo tem investido em obras na BR citada, que melhorou muito a qualidade dos trechos de responsabilidade do governo. Mas por que o Estado não se preocupa em fiscalizar as empresas que ganharam (?) a licitação pra explorar partes da estrada?

Pra quem anda de carro não percebe muito, mas com veículos mais pesados (e que pagam mais impostos e pedágios mais altos) é fácil de sentir as ondulações exageradas da pista.

Também é uma estrada onde há bastantes acidentes, visto que no verão é a principal rota no Brasil de turistas estrangeiros que vão às praias gastar seu dinheiro, o que há deixa mais perigosa ainda, pois em países como a argentina muitas regras de transito são diferentes, inclusive a do sinal que o motorista da frente dá quando não há perigo de ultrapassagem, que é ao contrario no país deles e no nosso.

Uma possibilidade de diminuir esses acidentes era a duplicação, ou seja, a transformação da BR-290 em auto-pista, mas tenho medo que isso faça com que o pouco de mata que ainda existe seja diminuída.

Sabadão o texto tem que ser curto mesmo. Bom fim de semana e não deixem de refletir sobre os fatos que presenciam ou que ouvem falar; sempre busquem respostas novas para antigos problemas. 

@koalhada

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões II: Heróis do Asfalto

Outra coisa que pude ver nessas minhas últimas viagens foi a situação dos profissionais do transporte, leia-se, caminhoneiros.

Claro que eu, como 80% dos uruguaianenses, tenho caminhoneiro na família e outros contatos com essa profissão, mas conversas mais longa na estrada e em paradas onde se encontra mais desses cidadãos faz com que o conhecimento sobre a situação do trabalho deles seja mais profundo.

Reparem primeiramente na importância desta profissão. De tantas coisas que tenho pra falar sobre a importância deles, eu apenas quero destacar que se todos eles resolvessem parar, em greve, por exemplo, o país também para, talvez ata América Latina inteira pare, em uma cadeia de estagnação que surtiria efeito em todo o mundo, de alguma forma.

Apesar desta importância eles não são valorizados como deviam – como a maioria dos trabalhadores nesse maldito sistema.

Trabalham feitos burros, sem oportunidade de crescer no emprego, ganham pouco, trabalham sob pressão, com horários severos e ainda tem o fator da família longe, etc.

E as leis? Bom, é fácil ver senhores já de idade ainda trabalhando, sem leis que regulam a profissão, como insalubridade, periculosidade, adicional noturno. Desculpa meu desconhecimento, mas se essas leis existem (o que de fato eu não sei mesmo) não há fiscalização e esses caminhoneiros também as desconhecem. Alguns reclamam ainda sobre a aposentadoria, ouvem dizer que o governo quer aumentar ainda mais a idade para eles descansarem na velhice.

A estrada é cruel, é perigosa, mas trabalhar é preciso. Essa frase ressume o maior sentimento deles. Pra quem leu “A Revolução dos Bichos” do escritor George Orwell, vai encontrar bastante semelhança destes trabalhadores com o cavalo Sansão, do livro.

Eles são verdadeiros “heróis do asfalto”, então, vamos fazer o possível para respeitar esses caras, principalmente quando estão reclamando, e se possível, incentiva-los à buscar mudanças e não apenas se conformar com os malefícios da profissão.

@koalhada

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Viagem, Fatos e Reflexões I: A Natureza Espremida

Agora que voltei de viagem vou relatar alguns fatos e reflexões que aconteceram nesses dias longe de casa. Pretendo escrever coisas que foram marcantes para mim, mas que também pode e, em alguns casos, devem ser interessante para vocês, para meus amigos, conhecidos, seres humanos e similares.

“A natureza espremida” o primeiro título dessa série, tem à ver com a paisagem natural, a mata nativa do Rio Grande do Sul vista através dos viajantes da BR-290 (que liga Uruguaiana à Porto Alegre).

Eu gostaria de escrever sobre as belas paisagens que há ao longo do caminho, mas desta vez ao invés de viajar à noite com a lua me acompanhando eu viajei a luz do dia, vendo tudo, inclusive uma placa que, mais ou menos, na altura de Alegrete anunciava: “Bioma Pampa”. Infelizmente não há bioma pampa!

O que há são campos e campos de plantações de grãos (arroz na imensa maioria) e campos e campos para criação de animais (gado e ovelha quase que exclusivamente). Ainda tem a crescente plantação de eucalipto que consome muita água condenando a região à um imenso deserto. Todo o bioma pampa foi DESMATADO[!] para a implantação desses campos!

Todo? Bem na verdade, ainda há uma estreita faixa de mata nativa (por isso espremida) entre a estrada e a cerca onde começam os campos. E essa pequena parcela de mata ainda tem que resistir e se recuperar das queimadas frequentes que às perseguem, pois o nosso clima ainda faz com que em algumas épocas do ano essas parcelas de natureza fiquem secas expostas a um simples toco de cigarro jogado por algum viajante. 

Como resolver o problema de falta de bioma pampa e outros biomas pelo Rio Grande? É muito difícil mesmo responder essa pergunta, pois os donos destes campos são extremamente ricos. Quando vocês passearem pela BR-290 olhem para um lado da estrada até seus olhos não conseguirem enxergar mais nada e depois façam o mesmo para o outro lado da estrada. Multipliquem esse campo de visão por dois, ou até mais – lembrando que no pampa o campo de visão é muito maior, pois as terras são planas, sem serras ou montanhas. Pois é, todo esse território pode ser de um único dono, de uma única família, que tem poucos (e mal pagos) funcionários.

Alguém pode falar “mas estão produzindo nossos alimentos”. Negativo. Quase tudo que é produzido nesses campos que outrora foram mata vai para o exterior, encher a barriga de outros ricos cidadãos, gerando os lucros, a grana que os herdeiros dessas terras gastam em carrões, cervejas e advogados para sustentar o status que exibem no empório da XV.

Em todo o percurso a paisagem vai ser a mesma, um futuro deserto de campos ou plantações de eucalipto com uma estreita faixa de natureza que resiste até a estrada. (Com exceção alguns poucos trechos na região central, por volta de Caçapava do Sul, onde sabemos predomina a pequena agricultura, familiar – esta sim nos alimenta e gera empregos – e que onde os barões da economia exploram outras atividades que como a extração de calcário que, em uma vista apresada desconfiguram menos a natureza.)

Para finalizar, algum tempo atrás assisti no jornal local sobre ás caturritas (essas cocótas que você tem em casa e que ensinou a falar palavrões e a cantar o hino do seu time; bichinho que comprou de algum selvagem, incentivando essa brutalidade). A caça desse animal, também nativo do bioma pampa, estava liberada. Motivo: essas aves estavam devastando (comendo se alimentando) as plantações dos arrozeiros. Quer dizer, eles podem destruir o habitat das caturritas, mas as caturritas não podem interferir (resistir) na margem de lucros deles?

@koalhada