quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um Galo chamado Marica (Parte II)

Um conto de Luiz Carlos Mendonça Jr. 

Mas certos episódio, o Marica nos fez rir de mais. Ele subiu no colo do tio Neneu, depois, descontente com o colo, subiu até o ombro do tio. Ali se acomodou confortavelmente. Então, minha avó, sempre boba com aquele pintinho guaxo, disse: 

_Pintinho lindinho, não vai inventar de fazer cocô no ombro do titio, viu! 

O Marica nunca foi um pinto normal. Não sei se ele compreendia o que nós falávamos, mas parece que ele, com aquela cara de malandro, respondeu:

_Pode deixar! 

Coitada da camisa do tio Neneu, ganhou de presente a titica do Marica.

O Marica cresceu, mas já não contava com a parceria do meu avô. Contudo herdou o jeito atoa e, até então, único do meu avô.

Geralmente, o meu convívio que possuía com o Marica, era dominical, pois sempre no domingo meu pai vai para fora (na maior parte do Brasil se chama roça, mas na campanha gaúcha, costumamos dizer “pra fora”).

Meu pai tem um cachorrinho que era do meu avô, mas que não foi muito aceito por ser muito pequeno. Ele é um desses salsichinhas preto. Mas pobre cusco, o pouco tempo de convivência com meu avõ foram o suficiente para se tornar outro atoa na vida. De tão atoa, seu nome é Sprupícyo (escrito assim para ficar meio inglesado e chique).

Todo domingo era aquela agitação em o Marica e o Sprupicyo. Um não gostava do outro, ou, pode ser, que se gostassem de mais, mas de um jeito nada comum. Mas o fato, era, que o agora galo Marica, sempre queria bicar o cachorrinho. Na maioria das vezes conseguia. Já o Sprupícyo nunca conseguia. Era percebível naquela cara cachorrenta o anseio que tinha em morder aquele galo.

Então, num entardecer de domingo, onde todos estavam sentados no pátio, abaixo das maravilhosas sombras geradas pelas árvores do sítio, que ocorreu um fato realmente histórico: o Marica tinha acabado de bicar o Sprupícyo e saiu despretensiosamente com aquela pose de “eu sou o maior”. Foi então, que o Sprupícyo, rapidamente saiu em direção do galo, com uma raiva e indignação tamanha, arrancando um maço de pelo menos cinco penas da cola do galo na sua boca. A partir daí as disputas entre os gladiadores se tornou mais parelha. O respeito até tentava ter sua existência, mas a gana de pegar o adversário imperava no olhar dos dois bichos. 

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