Minha Vida É Um Palco Iluminado #Especial

“Um garoto de 14 anos entra em uma casa escura. Vê um senhor meio bêbado e entrega a ele um quilo de arroz e um real. Anda mais um pouco e olha pessoas vestidas de preto, cabelos arrepiados com cortes estranhos, olhos pintados. Anda mais um pouco e escuta um barulho. Não, não era barulho e aquelas pessoas não eram estranhas. Era aquilo que ele buscava há tempos.”

É assim que imaginei que começaria minha biografia ou um filme sobre minha vida. Há 8 anos atrás eu tomava meu primeiro contato com o mundo undreground e com o punk, no Fusão do Rock, um domingo 10/05/2003.

Conheci o Feijão e o Sádico, a dupla punk mais influente na cidade. Alguns conhecidos do Elisa (escola) estavam lá. Tinham uma banda chamada Excluídos do Sistema. Cara, aquilo era perfeito. Juro que pensei: “Quero fazer parte disso!” Alguns meses depois eu me tornei o baixista dessa banda.

Nesse primeiro show, além das outras bandas de outros estilos de rock, eu ainda ouvi a Sr. Wilson, a Gravidade Zero e a 100 Neurônios, essas, bandas punks e as que mais gostei. Pelas letras, pelos que eles falavam, pelo som, por aquilo que qualquer pessoa "sensata" acharia estranho ou horrível. Aquilo tudo fez eu acreditar que não estava sozinho em um mundo hipócrita, e que eu não precisava ficar calado para as coisas erradas. Enfim, um motivo para viver que ia muito além da arte. Ainda penso isso hoje.

Aquele dia realmente mudou minha vida. Me ajudou a não ser um acomodado, não ser homofóbico, nem preconceituoso. Me fez pensar, ter coragem, ter amigos. Não deixei de ser estranho, só tive mais estranhos junto comigo.

Dia 10/05/2003. O primeiro Fusão. O começo.