quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Que Trazes Pra Mim?


Na terça-feira (19/04/2011) estava eu, dando minha aula de Ensino Religioso na sexta série do ensino fundamental e o tema era “A Páscoa nas Diferentes Religiões”.

Estamos na semana santa, e resolvi levar um texto para eles que mostrava como a Páscoa é vista pelas diversas crenças. Meu objetivo era mostrar que essa data é tão importante que faz parte da vida de todos, inclusive dos ateus, pois há os feriados e todo esse clima.

Basicamente o texto se resumia em mostrar as peculiaridades dos rituais das igrejas cristãs na Páscoa, e o motivo por que se comemora. Continha também a visão de religiões não-cristãs, e do ateísmo.

Selecionei cuidadosamente os parágrafos para que o texto fosse um instrumento de construção de tolerância, de respeitar as crenças e as diferenças de visão de mundo de diferentes culturas.

Acredito na importância de criarmos situações de convivência com o diferente. Não é preciso concordar, nem seguir, nem fazer o que as outras crenças fazem, mas é necessário se informar e tentar compreendermos antes de julgar, para que não sejamos adultos preconceituosos.

Enfim, minha ideia era a da tolerância e de que eles refletissem sobre respeitar o outro como gostaríamos que respeitassem a nós mesmos (aliás, isso é um princípio cristão).

No momento em que eu pensei que eles estavam entendendo que nenhuma religião é melhor ou pior que as outras, apenas diferentes, entra na sala a orientadora pedagógica para ensaiar uma celebração de Páscoa com eles. Até aí tudo bem, o problema é que no final ela deu um sermão neles, dizendo que o certo, o bom, era ser cristão.

Ou seja, ela atrapalhou muito – estragou – o conceito de respeito e ética que estava sendo produzido no momento anterior. Quer dizer, todas as religiões têm seu lado bom, seus valores, seus ensinamentos libertadores e humanos, mas também têm seu lado ruim, seu lado moralista, dogmático e autoritário.

*Só para lembrar que quando falo de ateísmo, eu o considero como uma crença também: a crença de que não existe Deus, ou a negação de deuses. Então a tolerância, respeito que eu peço para os cristãos e religiosos em geral eu também peço aos ateus.

Então, para quê procurar diferenças de religiões boas ou religiões más, quando podemos seguir a nossa crença em tudo que ela tem de bom, quando podemos questionar suas verdades más?

Penso que o sentido da Páscoa tem a ver com um momento de renovação do espírito, de auto-reflexão e isto não pode ficar limitado a palavras, a orações. Tem que se traduzir em ações de liberdade e de tomada de consciência.

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