quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um Galo chamado Marica (Parte I)

Um conto de Luiz Carlos Mendonça Jr. 

Tudo começa no sítio alto alegre. O município é o Alegrete, tão grande em extensão de terra, como tão grande em suas peripécias. Talvez seja a Itu gaúcha (referindo-se a cidade paulista onde tem a fama de sempre tudo se grande). Até tem um “canto gauchesco brasileiro”.

Tudo era excêntrico: o Alegrete, o Sítio, e o Marica. O sítio, antigamente era um bolicho, desses de campanha, onde passavam viajantes e também sempre tinha aqueles figurões tradicionais das redondezas. 

Talvez o Marica tenha marcado história, justamente porque começou sua vida grudado no meu avô paterno. Meu avô se foi antes do Marica.

Sei que meu avô era um pai de família, e sempre, pelo que via, procurou administrar os bens da família da melhor forma possível, mas ele era único! Seu apelido não mente: caiçara loco. Meu avô nos deixou saudades, e suas histórias serão eternas nas memórias de todos que um dia ouviram pelo menos uma de suas bobagens. Mas o Marica, apesar de ter sido apenas um galo, também nos deixou saudades. 

Para começar, o pobre foi rejeitado de início por sua mãe e irmãos. Era o “pintinho feio”. Marica, bem novinho que era, começou sempre a ficar de atrás do meu avô. Meu avô, já enfermo (mas sempre “laureado”), ia se deitar, mas antes, é claro, tirava os sapatos velhos. Lá estava o pintinho dormindo ao seu lado, contudo dentro dos seus sapatos. Eram duas figuras genuinamente exótica.

Meu avô ia comer e o Marica junto; ia caminhar e o pintinho o seguia. Talvez, fosse mais que um pinto guaxo, pois todos tinham um carinho por ele, até mesmo meu tio avô Neneu.

Meu tio Neneu, cunhado de meu avô e irmão mais velho de minha avó, é outro personagem à parte. É bem quieto, e por ser o filho mais velho a família de minha avó, sempre teve tudo nas mãos, além de bravo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário