Outra coisa que pude ver nessas minhas últimas viagens foi a situação dos profissionais do transporte, leia-se, caminhoneiros.
Claro que eu, como 80% dos uruguaianenses, tenho caminhoneiro na família e outros contatos com essa profissão, mas conversas mais longa na estrada e em paradas onde se encontra mais desses cidadãos faz com que o conhecimento sobre a situação do trabalho deles seja mais profundo.
Reparem primeiramente na importância desta profissão. De tantas coisas que tenho pra falar sobre a importância deles, eu apenas quero destacar que se todos eles resolvessem parar, em greve, por exemplo, o país também para, talvez ata América Latina inteira pare, em uma cadeia de estagnação que surtiria efeito em todo o mundo, de alguma forma.
Apesar desta importância eles não são valorizados como deviam – como a maioria dos trabalhadores nesse maldito sistema.
Trabalham feitos burros, sem oportunidade de crescer no emprego, ganham pouco, trabalham sob pressão, com horários severos e ainda tem o fator da família longe, etc.
E as leis? Bom, é fácil ver senhores já de idade ainda trabalhando, sem leis que regulam a profissão, como insalubridade, periculosidade, adicional noturno. Desculpa meu desconhecimento, mas se essas leis existem (o que de fato eu não sei mesmo) não há fiscalização e esses caminhoneiros também as desconhecem. Alguns reclamam ainda sobre a aposentadoria, ouvem dizer que o governo quer aumentar ainda mais a idade para eles descansarem na velhice.
A estrada é cruel, é perigosa, mas trabalhar é preciso. Essa frase ressume o maior sentimento deles. Pra quem leu “A Revolução dos Bichos” do escritor George Orwell, vai encontrar bastante semelhança destes trabalhadores com o cavalo Sansão, do livro.
Eles são verdadeiros “heróis do asfalto”, então, vamos fazer o possível para respeitar esses caras, principalmente quando estão reclamando, e se possível, incentiva-los à buscar mudanças e não apenas se conformar com os malefícios da profissão.
@koalhada
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